Desde a infância, fui marcada profundamente pela presença do meu pai, um fotógrafo talentoso, que me ensinou a enxergar o mundo com um olhar diferenciado. Cada vez que ele ajustava suas lentes, eu via como a luz e as sombras revelavam a beleza oculta da natureza. Ele me guiou para perceber os pequenos detalhes — um raio de sol entre folhas, o brilho nos olhos de um animal. Esses momentos despertaram em mim um desejo visceral de capturar o mundo, mas, ao invés de fotografar, escolhi as cores e as texturas como meu meio de expressão.
Na década de setenta, foi o meu marido que surpreendeu meu coração artístico, me presenteando com minhas primeiras telas, pincéis e tintas. Aquele gesto foi um ponto de virada. Em vez de me apoiar em teorias, decidi que a prática seria meu caminho. Mergulhei de cabeça no processo criativo, e essa jornada continua até hoje, sempre observando, sempre buscando o aprimoramento.
A conexão com a natureza sempre foi a alma do meu trabalho. A fauna e flora brasileiras, com a majestade da onça pintada e o esplendor das araras, invadem minhas telas, quase como uma extensão de mim mesma. Além disso, os povos indígenas do Brasil também são uma grande fonte de inspiração para mim. Suas culturas, cores e relação profunda com a natureza são elementos que tento capturar e homenagear em minhas obras. As florestas tropicais, com suas explosões de cores e vida, me inspiram a traduzir essa harmonia entre o humano e o natural de uma forma quase visceral.
Minhas viagens também foram momentos de profunda transformação artística. Em Lisboa, fui tocada pela luz suave que banha a cidade. Na Suíça, a serenidade das montanhas cobertas de neve me levou a explorar texturas e profundidades que eu nunca havia tocado antes. E Barcelona, com suas cores vibrantes e vida pulsante, deixou em mim uma marca indelével. Agora, vivendo na Finlândia, encontro uma nova forma de paz nas florestas densas e nos lagos tranquilos. A natureza daqui me inspira de maneira introspectiva, mais profunda, quase como se conversasse com minha alma.
Além da pintura, explorei outros caminhos artísticos, como a escultura em barro, a pintura barroca e a patina, que me permitiram expressar meu amor pela forma e pela textura de diferentes maneiras. Essas experiências enriqueceram meu processo criativo, permitindo que eu explorasse novas dimensões da minha relação com o mundo.
Minha arte não é apenas o reflexo da natureza, mas também das pessoas e experiências que moldaram minha vida. Cada pincelada conta uma história, e através das minhas obras, convido o mundo a caminhar comigo nessa jornada de beleza, descoberta e emoção.